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Pri Nunes - Talent Connector

QUAL O LUGAR DA SAÚDE MENTAL NOS PROCESSOS SELETIVOS?

Com o fim de setembro, podemos perceber um aumento significativo de conteúdos voltados para a saúde mental e a campanha do Setembro Amarelo. Não gostaria de utilizar este espaço para discorrer sobre a efetividade ou não da campanha, pois é complexa e multifacetada. Gostaria então de propor a vocês um olhar para a complexidade de abordarmos nos processos seletivos a temática da saúde mental. Vamos lá?



Quando a gente fala de um processo seletivo, eu penso que a gente está falando de uma coisa muito impactante na vida das pessoas. Geralmente, o trabalho pode ocupar um dos pilares centrais na história de alguém, sendo projeção de futuro, fonte de renda, de autoestima, de realizações e decepções. Já vi pessoas mudando de cidade por uma nova oportunidade, pessoas que se reconheceram como dignas por meio do trabalho, que encontraram seus amores num ambiente de trabalho, que adoeceram com e no trabalho, que criaram relações e vínculos pessoais significativos no ambiente do trabalho. E justamente por entender que as relações de trabalho podem ser tão impactantes na vida de cada pessoa, sinto um incômodo muito grande ao pensar que o tema de saúde mental ainda é motivo de tabu, preconceito e vergonha nos contextos de trabalho.


SAÚDE MENTAL - ESTATÍSTICAS


Quando olhamos para os dados percebemos o quão frequente os processos de adoecimento relacionados à saúde mental são.


A Organização Panamericana de Saúde lançou um artigo baseado em um resumo científico realizado pela Organização Mundial da Saúde onde relata que o primeiro ano de pandemia de COVID-19 aumentou em 25% a prevalência global de pessoas com ansiedade e depressão.


Quando relacionamos esse aumento com os altos índices divulgados no documento lançado pela OMS em 2017, intitulado de “Depression and Other Common Mental Disorders: Global Health Estimates” (Depressão e Outros Transtornos Mentais Comuns: Estimativas de Saúde Global), esses dados ficam ainda mais alarmantes. Neste documento foi divulgado um compilado de dados de todo o mundo, e o Brasil já estava no ranking como o país com maior índice de pessoas diagnosticadas com ansiedade.


Segundo o estudo, cerca de 9,3% (quase 20 milhões de brasileiros) são afetados negativamente pela ansiedade. Fora as pessoas que não conseguem acesso a tratamento e a condições de saúde para que possam reconhecer os sintomas ou outros transtornos de saúde mental. Olhar para todos esses dados torna-se cada vez mais importante pois, muito provavelmente, parte dessas pessoas que foram ou estão sendo atravessadas por diferentes transtornos podem estar participando de processos seletivos.



O TABU DA SAÚDE MENTAL


Além de ser uma questão delicada de ser abordada em processos seletivos, é muito comum perceber o estigma negativo relacionado às medicações e desempenho no trabalho. Tal estigma acaba por retrair que as pessoas candidatas possam falar sobre suas questões de saúde no processo ou até, nos piores casos, que falem e sejam reprovadas por tal. Aqui na BDR a gente não faz perguntas sobre saúde mental justamente para não abrir brechas de que as pessoas sintam que estão sendo avaliadas desta forma, porque de fato isso não será levado em conta. Mas sabemos que a sociedade ainda julga e exclui muitas dessas pessoas, o que não contribui positivamente para a situação, já que renda, trabalho e o sentido atribuído ao contexto de trabalho, impactam diretamente na saúde das pessoas. Se faz parte do ciclo de vida, faz parte dos processos de saúde. É aí que surge a urgência de que empresas e pessoas que conduzem processos seletivos lembrem de suas “humanidades” e olhem para cada sujeito de forma humana também.


Questões de saúde mental não incapacitam, nem desqualificam pessoas. Elas possuem diferentes intensidades, momentos e precisam ser olhadas de forma sensível e empática.

Estamos todos, todas e todes em processo de desenvolvimento! Passamos por um período de pandemia, isolamento e novas formas de nos relacionar com o trabalho. Cabe a nós, olharmos para os processos de adoecimento mental como um período delicado, de necessidades de cuidados.


Quando esses cuidados são tomados, quando há tratamento, quando há segurança econômica, relações de trabalho saudáveis, a gente está promovendo saúde. Afinal, o conceito de saúde é pautado justamente nisso:


Saúde não é ausência de doenças. Em alguns momentos, é justamente o adoecimento que vai promover o cuidado, e aí então, promover a saúde.


PARA REFLETIR


Fica para nós a reflexão, para quem entrevista, para quem está recebendo pessoas na sua empresa, para quem está passando por um momento de cuidados: esses diagnósticos e sintomas são apenas uma parte da vida de uma pessoa, não o todo. E quando a gente fala da vida de alguém, estamos falando de uma coisa muito complexa, com muitos fatores.


Então que sejamos humanos, que consigamos ser sensíveis com os nossos processos e com os outros seres-humaninhos. Todos nós possuímos processos relativos à saúde mental. Será que, se a gente se propor a falar e ouvir sobre esse tema de forma mais aberta, isso não irá contribuir positivamente? Imagino que tem contexto que sim, outros que não. Cabe aí a reflexão e responsabilidade de cada um de nós.


Diferente do meu último texto aqui pro blog da BDR, neste eu não me proponho a dar nenhuma sugestão. Mas se você sair desse texto com algumas reflexões sobre a saúde mental nos contextos de processos seletivos, meu objetivo foi alcançado.




CUIDE-SE!


Se você está passando por um momento de sofrimento, saiba que é possível buscar ajuda! Se for possível, busque conversar com pessoas próximas, caso você não tenha ou não encontre ninguém, você pode ligar no Centro de Valorização da Vida - 188, buscar orientação e atendimento na Unidade Básica de Saúde (Posto de Saúde) do seu bairro e, se houver condições financeiras, buscar profissionais da área de Psicologia e Psiquiatria de forma particular.

Busque ajuda e cuide-se!

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